Desde
a mais remota época em que produzia-se anzóis de ossos, chifres,
pedras, etc, nota-se uma constante mudança, por parte dos fabricantes,
que tentam aprimorar seu formato, de forma a aumentar o poder de fisgada
para cada tipo de peixe. Isso acabou proporcionando ao pescador, uma
grande variedade de formatos e tamanhos específicos que, se corretamente
utilizados, poderão aumentar a produtividade da pescaria.
Existem
alguns aspectos em relação aos anzóis que podem ser analisados para
poder-se levar em consideração, porque este é um fator, às vezes,
decisivo nas pescarias.
O anzol
muitas vezes é tido como um acessório com o qual o pescador não precisa
se preocupar. Mas, na verdade, este pequeno artefato de metal é fator
decisivo nas pescarias e se não for bem avaliado, pode prejudicar a
pescaria.
Para ser
considerado ótimo, uma anzol deve ter algumas características, tais como
ponta aguçada, ser muito penetrante (que fisga fácil), capacidade de
reter o peixe fisgado, resistência e durabilidade. como se trata de
qualidades difíceis de conciliar, na prática prioriza-se uma ou outra
conforme se esteja praticando pesca leve ou pesada, ou seja, o enfoque
em relação às qualidades do anzol muda em função da categoria de pesca.
Na pesca de peixes de grande porte, dá-se ênfase à resistência, enquanto
na pesca de peixes pequenos o mais importante é que o anzol seja
“matador”, isto é, que fisgue facilmente o peixe.
Portanto, é importante que se atente para alguns detalhes, que serão abordados abaixo.
ÂNGULO DO OLHO: |
Fechado
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Reto
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Aberto
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FORMATO DO OLHO: |
Argola:
É o modelo mais comum, sendo possível atá-lo com diversos tipos de nós. |
Agulha:
É o modelo mais utilizado em pesca oceânica.
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Pata:
É o modelo que transmite maior sensibilidade à linha.
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HASTE: |
Longa:
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Standard:
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Curta:
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Farpada:
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TAMANHO
Para
saber o tamanho adequado dos anzóis que se pretende usar, é importante
ter em mente as espécies que se deseja capturar. Também é bom conhecer
um pouco sobre estes peixes, como por exemplo: saber a posição da boca, o
tamanho e hábitos alimentares. Com um anzol muito grande, dificilmente
os peixes conseguirão acomodá-lo na boca e, dependendo da espécie, será
impossível capturá-la. Por outro lado, anzóis pequenos causam muitos
estragos no peixe, pois eles o podem engolir e machucar órgãos internos
como brânquias e estômago.
O número que define o tamanho de um anzol
é usado individualmente por cada fabricante. A escala mais comumente
usada em pesca esportiva é a da Mustad. O tamanho do anzol é
inversamente proporcional a numeração do mesmo, até o número 1. A partir
deste tamanho, a razão é proporcional e a numeração é acrescida do /0.
ESPESSURA
A
espessura está diretamente relacionada à resistência do anzol. Os
anzóis finos são ótimos para pesca de peixes com a boca frágil, como
Carpas, ou com os lábios grossos. Os anzóis finos penetram mais e
proporcionam uma melhor fisgada, além de machucarem menos os peixes.
FISGA
Mantendo
a fisga sempre afiada, você terá maior eficiência no ato de fisgar o
exemplar, além de que você pode usar linhas mais finas, tornando sua
pescaria mais esportiva e emocionante.
COR
Embora
este item não seja tão relevante, deve ser levado em conta como um
fator que pode interferir na quantidade dos ataques. Às vezes, ouve-se
falar que a pessoa jogou só a linha e o anzol sem isca na água e
capturou um peixe. Isto pode acontecer devido à cor, podendo o anzol ter
sido um atrativo para o peixe. Lembre-se: nem sempre a cor está ligada à
qualidade do anzol.
CONSERVAÇÃO
Outro
detalhe que temos que prestar a atenção que é o mais desprezado é a
conservação dos anzóis. É comum vermos pescadores usando anzóis
enferrujados, com uma péssima conservação. Pescar com anzóis assim é
muito arriscado, como por exemplo, no momento da fisgada, se for um
exemplar de um bom porte, o anzol pode se romper. Anzóis assim são
também um grande perigo para o próprio pescador, podendo ele se fisgar
com o mesmo, tendo grandes chances de adquirir uma infecção, como o
tétano.
O ANZOL NA LITERATURA:
Com
o desenvolvimento dos livros impressos (Gutenberg 1457), comprova-se
que muita gente na Europa do Norte era aficcionada pela pesca recreativa
e desportiva. Livros sobre o tema apareceram quase simultaneamente nos
Países Baixos, França e Inglaterra, seguidos da Alemanha não muito tempo
depois, mas foi a Inglaterra quem primeiro se interessou pela pesca com
cana, por esse motivo o mercado foi inundado por livros sobre este
tema. O primeiro livro que tratava de pesca foi impresso em Westminster,
em 1946, como parte de “The Book of St. Albans”, supostamente escrito
por uma mulher, Juliana Berners.
Numa
parte do livro, ela detalha sobre a arte de fabricar anzóis. Os
melhores anzóis são feitos de agulhas, diz ela – as agulhas darning para
os peixes pequenos, e as agulhas de bordado para os peixes maiores, e
as agulhas de sapateiro para os peixes muito grandes. Além disto, o
livro possuía conselhos de como fazer um bom anzol e como empatá-lo
corretamente.
Por muito
tempo os escritores ingleses continuaram a descrever a forma como fazer
anzóis. As melhores agulhas deviam ser de Toledo ou Milão. Wiliam Lawson
dizia no principio do século XVII “Se o material é bom, a ponta poderá
ser afiada ao máximo, se o material não é bom, uma ponta muito afiada
pode-se partir facilmente”.
O clássico
livro para os pescadores desportivos, de Isaac Walton é “O pescador de
cana completo…” e saiu em 1653. A maioria da sabedoria e conselhos foi
apoiada na literatura inglesa. Walton escreve como um verdadeiro
adorador da natureza e responde a uma mão cheia de perguntas que um
pescador desportivo poderia fazer. Walton também explica como fazer nós e
como preparar a melhor linha, e em relação aos anzóis diz aos leitores
que em vez de os fazerem, recomenda que se recorra a um fabricante de
anzóis. Em Inglaterra diz ele, exactamente em Londres encontra-se
Charles Kirby “o melhor fabricante de anzóis”.
Os
anzóis descritos abaixo e suas utilizações são baseados em vivências de
outros pescadores. Mas, apesar disto, você pode ter outras experiências
e métodos para usá-los. Mande-nos sua opinião.Anzóis Japoneses
(Gamakatsu – Maruseigo – etc):
Estes anzóis são excelentes para fisgar, muito usados em competições.
Peixes: pampo, robalo, piapara, papa-terra (betara), lambari, matrinchã, piraputanga, etc.
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Anzóis para minhoca artificial:
Especialmente desenhados para acomodar minhocas artificiais e outras iscas de silicone.
Peixes fisgados: black bass.
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Anzóis para pesca pesada:
São anzóis forjados e ultra-resistentes, as argolas normalmente são do tipo olho de agulha ou convencionais, porém soldados.
Peixes fisgados: marlins, atuns, cavalas, dourados, jaús, piraíbas, etc.
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Anzol Beak:
Resistente e fisga firmemente.
Peixes:
apapá, aruanã, bagre, barbado,black-bass, cachara, cachorra, carpa,
corvina de água doce, dourado, jatuarana, jaú, mandí, pacu, palmito,
piau, piava, piavuçú, piracanjuba, piraiba, piranha, piraputanga,
pintado, tabarana, tambaquí, tilápia, traíra, trairão e tucunaré.
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Anzol Bowed:
Resistente e com fisgada profunda.
Peixes: carpa, dourado, prejereba, miraguaia, pirará.
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Anzol Carlisle:
Haste longa, evita que peixes com dentes cortem a linha.
Peixes: bagre (água doce e salgada), piranha, traíra, corvina de água doce. |
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Anzol Crystal:
Fisgam facilmente peixes de boca pequena.
Peixes: acará, apaiarí, curimbatá, lambarí, piau, piava, tilápia, papa-terra (betara), pampo.
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Garatéia:
União de três anzóis, utilizadas com iscas excessivamente moles, são utilizadas em iscas artifíciais.
Peixes: espada, barracuda e carpas.
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Anzol Kirby:
Utilizados com íscas vivas.
Peixes: tucunaré, tilápia, traira, lambarí, acará, bagre, matrinchã.
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Anzol O’ Shaugnessy:
Muito versátil e resistente.
Peixes: anchova, tambaquí, pampo, robalo, corvina.
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Anzol Wide Gape:
Mantém as iscas vivas por mais tempo e com maior liberdade de movimento.
Peixes: pescada e robalo.
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ANZÓIS PRÉ-HISTÓRICOS:
A habilidade para inventar e usar ferramentas e tecnologia, no esforço para sobreviver, faz parte
do ser humano. Desde os inícios da humanidade, o ser humano capturou
peixes para a sua sobrevivência. Inventaram-se inúmeros métodos para
capturar várias espécies de peixes que vivem em condições bastante
diferentes, desde o Ártico até às águas tropicais. Muitos do métodos de
pesca e tipos de aparelhos que se inventaram, alguns com largos milhares
de anos ainda hoje estão em uso para o desporto, alimentação ou pesca
comercial.
Não se
sabe há quanto tempo os anzóis estão em uso, mas é bastante provável que
o Homem de Cro-Magnom, que apareceu entre 30 a 40 mil anos atrás,
estava familiarizado com o uso de anzóis de pesca na sua luta para
sobreviver. Os primeiros anzóis que se conhecem foram de diferentes materiais:
Madeira:
O problema
que têm os arqueólogos para estabelecer a idade dos achados históricos,
é que os materiais em que foram feitos eram pouco duráveis. Mas,
existem razões para crer que os primeiros anzóis foram feitos de
madeira. Muitas pessoas acham que o uso de anzóis de madeira deve ter
sido muito pouco prático. Como a maioria das madeiras flutuam, o anzol
teria que ser atado a outra coisa que lhe servisse de peso para afundar.
Mais
recentemente, no final do século dezenove, os pescadores usaram anzóis
de madeira nas grandes industrias pesqueiras do bacalhau em Lofoten no
norte da Noruega. Eles talhavam seus anzóis numa variedade dura de
madeira e queimavam a ponta para ficar mais dura. O uso da madeira é
explicado pelo fato de algumas espécies de peixes serem atraídos pelos
anzóis, sendo portanto o uso da madeira uma vantagem, na opinião de
alguns pescadores, por gerar anzóis flutuantes.
Materiais diversos:
Outros
materiais para fazer anzóis foram conchas, ostras, osso e chifre. Entre
outras coisas os nativos americanos utilizaram a garra de um falcão e o
bico de uma águia para fazer anzóis. Além disto, o homem pré-histórico
utilizou compostos de diferentes materiais que eram atados juntos. Estes
anzóis eram mais resistentes do que outros anzóis feitos de outro
material.
Na Noruega, os anzóis
mais antigos encontraram-se nas escavações de “Vistehulene”, situadas em
Jaeren e na parte sudoeste da Noruega. Calcula-se que estes anzóis
datem de 7-8000 mil anos de antiguidade.
Ossos:
Outro
exemplo de material de anzóis pode ser encontrado na Ilha de Páscoa:
como não havia na ilha mamíferos suficientemente grandes e existia
escassez de ossos, adotou-se o costume de fazer anzóis com osso de seres
humanos. Como ali se levava a cabo sacrifícios humanos, até a chegada
dos primeiros missionários havia uma grande fonte de ossos humanos.
O homem da idade da
pedra tinha instrumentos bastante bons para fazer anzóis finos em osso. O
motivo porque nada se sabe quando os anzóis de osso começaram a
usar-se, é porque, se o terreno tiver condições favoráveis com o solo
calcário, os anzóis podem ser preservados durante milhares de anos. Os
anzóis mais velhos que se tem conhecimento parecem ser os que foram
encontrados na Checoslováquia durante a escavação de jazigos de
esqueletos do tempo do paleolítico. Também se encontraram anzóis antigos
no Egito e Palestina. Acredita-se que o mais antigo, encontrado na
Palestina tem à volta de 9000 mil anos.
Bronze:
Estudos
afirmam que o cobre apareceu na história do homem à volta de 4000 AC,
seguido por um desenvolvimento gradual do bronze. Entre as civilizações
mais antigas que utilizaram o bronze estão as que ficavam entre os rios
Tigre e Eufrates, rios com pesca abundante e com enormes volumes de
água. Nesta área foram encontrados inúmeros anzóis de bronze que são
mais antigos 500 anos do que
os da Mesopotâmia de Abraham. Além desta região, a ilha de Creta é
conhecida pelos ricos achados de anzóis de bronze e os anzóis
encontrados em Pompéia são verdadeiras obras de arte.
Os anzóis
de ferro eram geralmente mais grandes que os de bronze, usando-se
especialmente em mar aberto. Os pescadores noruegueses aventuraram-se em
mar aberto durante a Idade da Pedra.
O fabrico
de anzóis pertencia só a especialistas. A descoberta de diversas
ferramentas em escavações revela este fato, inclusive antes dos Vikings,
o trabalho com ferro forjado mais fino, foi feito por ferreiros
profissionais. Havia também provavelmente
anzóis de fabrico caseiro. Por volta do fim da Idade Média pode-se
dizer que os fabricantes de anzóis profissionais os estavam a fazer com
muita qualidade, pelo menos nos centros costeiros onde os pescadores
faziam compras e venda.